O Conselho Regional de Medicina (CRM-MT) publicou nota de repúdio contra uma publicação da médica Dieynne Saugo, que foi picada por uma cobra em Nobres (a 121 km de Cuiabá). No Instagram, a médica e influencer digital disse que teria morrido caso não fosse transferida de Cuiabá para São Paulo. O CRM entendeu que a médica desmereceu os profissionais que a atenderam na capital.
Durante um jogo de perguntas que Dieynne fez para seus seguidores do Instagram, uma internauta perguntou: “Se o seu plano não cobriu, porque não foi para o hospital que cobrisse seu plano?”. A médica respondeu: “Porque é óbvio que eu morreria. Nenhum hospital de Cuiabá tem os mesmos recursos dos hospitais de SP. Meu caso não era grave, era gravíssimo”.
O Conselho de Medicina informou que a nota de repúdio é em favor dos médicos que atenderam Dieynne em Cuiabá. Ao ser picada pela cobra, ela precisou ser transferida urgentemente para o Hospital Pronto Socorro Municipal (HMC) por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel e Urgência (Samu), para receber a aplicação do soro antiofídico.
Posteriormente, a médica foi transferida de hospital e passou a ser tratada pela equipe do Complexo Hospitalar Jardim Cuiabá. Dias depois, a família decidiu que a profissional recebesse o tratamento no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Uma vakinha online foi aberta, por uma irmã de Dieynne, para custear o tratamento e o transporte aéreo.
“Certamente, sem atuação de todos esses profissionais, a Dra Dieynne Saugo não teria condições clínicas de ser transferida para outro Estado,” diz trecho da nota.
Ainda de acordo com o CRM, o tratamento médico imediato foi fundamental para garantir a vida da paciente. “Não se pode desmerecer a atuação da equipe do Samu que realizou o atendimento pré-hospitalar de emergência, da equipe do Hospital Pronto Socorro Municipal de Cuiabá que aplicou o soro antiofídico e da equipe do Complexo Hospitalar Jardim Cuiabá que foi quem assumiu a responsabilidade pela traqueostomia quando viu que suas vias respiratórias apresentavam alto nível de obstrução”.
Outro lado
Em sua conta no Instagram, Dieynne emitiu uma nota se explicando. “O Conselho Regional de Medicina do Mato Grosso que não teve o cuidado de ouvir-me para entender integralmente os fatos e me expôs de modo gravíssimo, causando mácula indelével à minha pessoa, à minha imagem profissional e à minha família”.
Dieynne alegou ainda que o CRM agiu de forma precipitada e desrespeitosa, não dando chance pra que ela se explicasse. Ela pediu que o CRM se retratasse em relação ao caso.
“Com essa atitude precipitada e altamente lesiva deve procurar se retratar uma vez que se as próprias sindicâncias e processos tramitam em segredo de justiça”, disse trecho da nota.
Veja a nota de repúdio do CRM-MT:
Por consideração a todos os profissionais que prestaram atendimento à médica DIEYNNE SAUGO que foi picada por uma cobra jararaca no dia 30 de agosto, o Conselho Regional de Medicina do Estado de Mato Grosso (CRM-MT) repudia as declarações recém publicadas pela profissional em seu perfil na rede social Instagram, que ao responder uma pergunta que lhe foi enviada afirmou que obviamente morreria porque nenhum hospital de Cuiabá têm os mesmos recursos dos hospitais de São Paulo.
Em uma situação onde o médico constata condições de agravo à saúde que impliquem em risco iminente de vida ou sofrimento intenso do paciente, tal como a ocorrida com a Dra. Dieynne, o tratamento médico imediato é primordial para a estabilização do quadro de emergência apresentado e posterior adoção de outras condutas terapêuticas.
Assim, ainda que a paciente e seus familiares tenham optado pela transferência para um Serviço Hospitalar fora do Estado de Mato Grosso, a afirmação de que a sua permanência em Cuiabá resultaria em “óbito óbvio” demonstra falta de consideração e respeito por todos os profissionais da saúde que lhe prestaram atendimento quando o seu quadro era de emergência.
Não se pode desmerecer a atuação da equipe do SAMU que realizou o atendimento pré-hospitalar de emergência, à equipe do Hospital e Pronto Socorro Municipal de Cuiabá que aplicou o soro antiofídico e à equipe do Complexo Hospitalar Jardim Cuiabá que foi quem assumiu a responsabilidade pela traqueostomia quando suas vias respiratórias apresentavam alto nível de obstrução.
Certamente, sem a atuação de todos esses profissionais, a Dra. Dieynne Saugo não teria condições clínicas de ser transferida para outro Estado.
A PRESIDÊNCIA