‘Não fui eu que decidi fazer o filme, foi o Pantanal’, conta documentarista sobre incêndios no bioma

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O documentarista Lawrence Wahba completava sua 50ª ida ao Pantanal mato-grossense em março do ano passado. Com intuito de gravar um projeto para mostrar as belezas do bioma em uma TV estrangeira, ele foi surpreendido com a pandemia da covid-19, e precisou retornar para casa.

O que ele não esperava é essa seria a oportunidade de registrar um dos maiores desastres ambientais no Pantanal. Segundo contou ao gazeta digital, ele observou ainda do avião os focos de incêndio.

“Com o decreto da pandemia, o projeto foi cancelado, e eu tive que ser evacuado do pantanal e fui pra um aviãozinho. Na hora que esse aviãozinho subiu, eu vi os incêndios. E a gente estava em março, na época cheia, época que não era pra pegar fogo. Então lá daquele dia eu percebi que tinha algo muito errado acontecendo”, relembra.

Ao longo do ano, Lawrence foi recebendo notícias dos amigos que acompanham o bioma sobre as queimadas. Após fazer campanhas para angariar recursos para veterinários e brigadistas, ele decidiu ir até a região para ver o desastre com os próprios olhos.

“A partir de setembro do ano passado, eu comecei a vir e ver com meus próprios olhos o que estava acontecendo no Pantanal. E ai eu percebi que era uma história que precisava ser contada. Não digo que não fui eu que decidi fazer o filme, foi o pantanal que decidiu”, pontua.

Lawrence Wahba

Lawrence Wahba

O documentário “Jaguareté-Avá: Pantanal em Chamas” estreou no dia 12 de novembro, no Globoplay, quando se comemora o Dia do Pantanal.

Desde a primeira até a última gravação foram 100 horas de material captado. As imagens foram feitas pelo documentarista, mas também por brigadistas, veterinários e voluntários atuantes na região. Miranda, Serra do Amolar, Porto Jofre, Transpantaneira, Parque Nacional do Pantanal e Parque Estadual Encontro das Águas estão retratados no filme.

Diante do maior registro de incêndio no Pantanal, Lawrence descreve que o clima era como estar no inferno.

 

Lawrence Wahba

Lawrence Wahba

“O que mais nos impactou são duas coisas, do lado negativo a proporção do incêndio, a sensação que a gente tinha era que abriram a porteira do inferno., animais morrendo na nossa frente, animais gemendo de dor, animais carbonizados, então esse lado de inferno mesmo”, lamentou.

Por outro lado, o documentarista observa que a movimentação de diversas pessoas para ajudar o bioma foi uma coisa muito bonita de se ver.

“O que impactou positivamente foi a corrente de pessoas que se formou pra defender o pantanal e ajudar os animais e combater o fogo, é pantaneiro, Organizações Não Governamentais (ONGs), voluntários, guias de turismo, biólogos, veterinários, servidores de órgãos federais, estaduais, os bombeiros, Prev fogo.. Essa corrente do bem de verdadeiros heróis”, avalia.

Inclusive, nem tudo é tristeza no documentário. Com gravações ainda neste ano, o filme também mostra o renascimento da vegetação, a cura dos animais e a vontade de continuar vivendo do Pantanal.

Ele participa de um grupo no WhatsApp com diversos especialistas da UFMT, UFMT, Embrapa e afins. “Uma coisa que ficou consenso nesse grupo, é que por mais horrível que seja o fato de ter queimado e destruído 26% do Pantanal nos incêndios de 2020, não foram afetados 74%, então o que a gente precisa fazer é cuidar desses 74%”, explica.

Mais que um filme sobre o que aconteceu, o documentário tem como objetivo chamar atenção da sociedade para a “urgente necessidade de preservação do bioma”.

Fonte: Gazeta Digital

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