A morte da rainha Elizabeth II está revelando uma série de tradições curiosas até mesmo para aqueles que se consideram conhecedores da monarquia. No último final de semana, poucos dias depois da morte da monarca, a internet ficou surpresa ao descobrir que as abelhas de Elizabeth foram informadas sobre seu falecimento. Veja abaixo alguns exemplos que mostram toda a formalidade e cerimônias da família real.
Abelhas são informadas
John Chapple é o apicultor real há 15 anos. Ele manteve uma tradição secular de dar a triste notícia às colmeias que ficam nos terrenos do Palácio de Buckingham e da Clarence House (residência oficial de Charles como príncipe de Gales).
Em entrevista ao jornal britânico Daily Mail, Chapple explicou que também pediu às abelhas que fossem boas com o novo rei. O ritual faz parte de uma superstição de que as abelhas podem parar de produzir mel se não forem informadas sobre uma mudança de dono.
“A pessoa que morreu é o mestre ou senhora das colmeias — alguém importante na família. E não há ninguém mais importante do que a rainha, não é? Você bate em cada colmeia e diz: ‘A senhora está morta, mas não vá embora. Seu mestre será bom com você”, disse o apicultor.
Dois aniversários
O novo rei terá que decidir se irá querer manter a sua data de aniversário. A sua mãe tinha dois aniversários: nascida em 21 de abril, a falecida soberana celebrava oficialmente no segundo sábado de junho, com um desfile conhecido como Trooping the Colour.
Por quê? Abril geralmente é um mês frio no Reino Unido para eventos ao ar livre, enquanto o verão começa em junho. A tradição, no entanto, é muito mais antiga. Começou com George II em 1748. Foi ele quem decidiu associar as comemorações de aniversário ao desfile cerimonial já existente.
“Minha aposta é que o novo rei vai manter as coisas como estão, já que ele nasceu em um mês de outono, e o Trooping the Color é um espetáculo popular”, diz à BBC o historiador real Richard Fitzwilliams.
Quebra do bastão
A tradição prevê uma tarefa para o Lord Chamberlain, título concedido ao mais alto oficial da Casa Real e cujos deveres cerimoniais incluem acompanhar o soberano à visita parlamentar anual. Ele deve quebrar seu bastão branco cerimonial sobre o túmulo do monarca falecido para marcar o fim de seu serviço a ele.
O atual Lord Chamberlain é Andrew Parker, ex-chefe do MI5, uma das agências de inteligência britânicas. Ele assumiu o cargo em abril de 2021. O gesto cerimonial remonta há séculos. Foi realizado pela última vez há mais de 70 anos, quando o conde de Clarendon quebrou seu bastão sobre o túmulo de George VI, pai da falecida rainha.
Cerimônia do caixão
Os marinheiros da família real são os responsáveis por puxar o caixão do soberano morto, que é convenientemente colocado em uma carruagem de armas.
Esta escolha de usar a força humana em detrimento da potência dos cavalos pode parecer confusa, mas é uma tradição que começou em 1901 durante o funeral da rainha Vitória.
Naquela ocasião, ainda era comum os cavalos puxarem a carruagem com o caixão do soberano. Mas a procissão teve um momento aterrorizante quando os animais ficaram descontrolados. “Os cavalos não reagiram muito bem a um dia extremamente frio, e acabou que o caixão da rainha Vitória quase caiu”, conta a historiadora real Kelly Swab à BBC.
Por ordem do rei Edward VII, herdeiro de Vitória e novo monarca, os marinheiros que participavam do cortejo fúnebre entraram em cena. “Havia dignitários de todo o mundo, e a coisa toda poderia ter sido um grande constrangimento.”