Para conseguir a certificação, o Vambora precisa desviar do aterro sanitário, 90% – ou mais – de todos resíduos gerados durante o festival
A organização do Festival Vambora e a empresa de impacto socioambiental Teoria Verde se uniram para construir um projeto que deve servir de modelo aos grandes eventos artísticos de Mato Grosso. O festival ocorre entre os dias 28 e 30 de setembro, em Cuiabá, com shows de MV Bill, Rashid e Criolo e mais de 60 artistas do estado.
Ressignificando a experiência cultural, o Vambora e a Teoria Verde idealizam uma megaoperação para que o evento conquiste a certificação Lixo Zero. Para o êxito dessa mobilização, o festival precisa desviar do aterro sanitário, 90% – ou mais – de todos os resíduos gerados durante o festival.
Prestando consultoria, Jean Peliciari, que é diretor da Teoria Verde, empresa membro da organização nacional Instituto Lixo Zero – que emite o selo -, conta que é esta é a primeira empreitada no segmento de produções artísticas do estado. “Atendemos empresas, indústrias e prefeituras, mas esse é o primeiro evento Lixo Zero”. Além de Peliciari, compõem o grupo de Consultores Lixo Zero, Luciene Taques, Thiago Itacaramby e Ayda Abraão.
“A iniciativa do festival é pioneira. O Vambora assume um papel importante frente às emergências da atualidade, entre as quais estão a preservação ambiental e a sustentabilidade. Estamos arquitetando uma estrutura de coleta para cada tipo de resíduo, além de firmar parcerias com as empresas da região, que vão realizar a reciclagem. No saldo final, temos que ter menos de 10% de rejeito”, explica. Diariamente, tudo vai ser pesado e devidamente computado. O selo só no último dia de evento: 30 de setembro.
A operação desenvolvida para garantir o atestado de que o festival é Lixo Zero, inclui treinamento de expositores da praça de alimentação e de equipe que vai atuar na separação e destinação dos resíduos. O que é orgânico, o que é reciclável e o rejeito.
“E tem ainda um cuidado especial com o público, que por meio de comunicação visual será conscientizado organicamente sobre a importância da destinação correta do lixo, sem que isso se torne um peso para quem, claro, está ali para curtir. É uma estratégia de educação ambiental. O sucesso da nossa operação depende muito do público”, reforça Jean. Ele aponta que Mato Grosso é um estado onde pouco se recicla e a iniciativa dos ecopontos no evento colabora com uma revolução necessária.
Ele conta que apenas as bitucas de cigarro não são recicladas em Mato Grosso. A única empresa que realiza esse tipo de reaproveitamento, é a Votorantim, e a unidade fica em São Paulo. “Então, se a gente conseguir coletá-las e enviá-las em invólucro lacrado, isso também vai contar ponto a nosso favor. Também vamos orientar os expositores da Praça de Alimentação a não utilizar embalagens plásticas de uso único e isopores. O ideal é que usem apenas materiais que possam ser ou reciclados ou compostados”, explica.
Já os recicláveis, quem vai receber é a empresa Canaã, que atua na capital e disponibilizará os três tipos de caçamba para cada resíduo gerado. E a Agricultura Bioativa vai utilizar os resíduos orgânicos na compostagem e produção de adubo. Ou seja, gera subprodutos e pode ainda trazer retorno financeiro.
Cidadania
Além de apostar na experiência cultural como ferramenta de educação ambiental, a idealizadora do Festival Vambora, Silvana Córdova engaja no grande projeto, pessoas em situação de vulnerabilidade social. “Nossa equipe diretamente envolvida nesse processo será composta por reeducandos, pessoas que passam por reinserção social e que precisam de ocupar postos no mercado de trabalho. Eles receberão treinamento especial, então, com essa formação, abre-se uma nova perspectiva”.
Vitrine da produção artística mato-grossense e voltado à formação de plateia, o festival, ao tempo em que democratiza o acesso à cultura – ao oferecer shows nacionais a preços populares -, desenvolve várias ações pautadas pela cidadania.
“A gente trabalha para que ele seja um divisor de águas. Ele se agigantou. Integramos agora a rede de Associação Brasileira de Festivais Independentes (Abrafin), iniciamos uma parceria com o Ecad, que é responsável pela arrecadação e distribuição de direitos autorais e agora, estamos focados em conquistar essa certificação tão importante”, arremata Silvana Córdova.
Para conferir a programação completa e informações sobre ingressos, acesse www.festivalvambora.com.br. O festival também está no Instagram: @festivalvamboramt